Aparentemente o termo inclusão virou moda e, como sói acontecer com todas esses modismos terminológicos, acaba tornando-se algo que não representa as suas reais intenções.
Das definições da palavra, a que sempre mais me agradou foi a de “pertencer entre os outros”, é a que melhor representa a minha crença de que só existe inclusão quando ela é de todos com todos.
No entanto, o que se vê todos os dias e com uma frequência absurda é a prática de incluir as pessoas do tipo X, Y ou Z. E aqui cabe uma ressalva, a realidade mostra que essas pessoas X, Y e Z realmente fazem parte de grupo que, historicamente, foram e ainda são excluídos em diversos contextos sociais e econômicos.
Por outro lado, se eu milito para só incluir X, e não tenho a menor preocupação com Y e Z, eu estou sendo tão, ou mais, segregacionista que as classes privilegiadas.
Pior, muito pior, é quando eu crio situações ditas inclusivas que permitem só a participação das pessoas X. Quando eu exalto fatos ou notícias a respeito daquele lugar que só contrata ou admite pessoas Y, quando eu me emociono com relatos de um grupo de pessoas Z que teve sucesso (seja lá o que se entende por isso).
Essa postura é um problema ideológico, por que o que se esconde atrás dessa atitude é a não-aceitação da diversidade como valor humano e a perpetuação das diferenças entre pessoas, ressaltando que essas diferenças são insuperáveis e que cada grupo só pode jogar dentro do seu próprio quadrado.
Quando falamos de uma sociedade inclusiva, pensamos naquela que valoriza a diversidade humana e fortalece a aceitação das diferenças individuais. É dentro dela que aprendemos a conviver, contribuir e construir juntos um mundo de oportunidades reais (não obrigatoriamente iguais) para todos.
Se você se pretende autodenominar inclusivo, comece a se preocupar com todas as pessoas e não apenas com seu grupo de interesse.
O que passa disso, é enganação.