segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

Simulacros inclusivos



Existem momentos em que você imagina que já tenha visto, ouvido ou lido todas as besteiras que o ser humano é capaz de inventar. Só que não.

Caminhando pelas ruas de certo bairro chique aqui de São Paulo, me deparei em uma das muitas construções que estão em andamento pela cidade. Como todas elas, era protegida por um tapume.

Mas não era um tapume qualquer. Segundo a mensagem escrita em letras grandes, aquele era um tapume inclusivo!!!

Eu fiquei em dúvida se ria ou sentava no chão e chorava, mas não quis sujar minha roupa com os restos de concreto que uma betoneira tinha deixado escorrer pela calçada.

O que afinal é um tapume inclusivo, em um oceano de exclusões?

A primeira é a de que se trata de um prédio bem metido a besta numa das regiões de metro quadrado mais caro da cidade. Portanto, uma explícita, exclusão sócio-econômica.

Segundo, como é comum nesse tipo de mercado, os produtos que serão oferecidos são produzidos majoritariamente por mão de obra preta ou parda, para depois serem habitados pelos mauricinhos e patricinhas do pedaço.

A terceira, é que a obra destruiu a calçada, além dos restos de concreto, com todo tipo de resto de material, ou seja, a calçada está intransitável (cadê a acessibilidade?) não só para pessoas com dificuldade de locomoção, como para qualquer outro humano.

Ah...no tapume, pintado em cores variadas, predominam manchas verdes simulando (ou serão simulacros) um propósito ESG. Eles se acham inclusivos por terem sido pintados por pessoas com deficiência de uma ONG.

Se isso é inclusão eu sou o mico-leão dourado, também risco de extinção.

A imagem é meramente ilustrativa de tapumes que invadem calçadas, e não d tapume mencionado acima

quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Ah... essas generalizações

 



A palavra estereótipo tem origem nas palavras gregas stereos e typos, que significam "impressão sólida". O termo foi criado pelo gráfico francês Firmin Didot em 1794 para se referir a um processo de impressão gráfica que permitia a produção em massa de jornais, revistas e livros. 

O jornalista americano Walter Lippmann foi o primeiro a usar o termo com o sentido psicológico, em 1922. No seu livro Opinião  Pública, Lippmann usou o termo para descrever a forma como as pessoas simplificam e categorizam o mundo e as outras pessoas para facilitar a compreensão. 

 Atualmente, o termo estereótipo é usado para descrever uma ideia ou impressão fixa e generalizada de um grupo de pessoas. Essas representações sociais costumam ser a base de preconceitos e outras crenças sociais.

 Impressão fixa, generalizante é uma prática bastante generalizada (oops!), desde as diferenças mais básicas como as que opõem homens x mulheres, passando pelas de raça e cor (que o diga o comportamento das polícias em relação aos negros)  e, claro, de todas as demais sejam elas representativas ou não.

 Quando trata-se de pessoas com deficiência, a tendência é a de generalizações piedosas e/ou compensatória: “eles são tão amorosos”, “escutam que é uma beleza”, “em compensação são tão inteligentes”, e por aí vai.

 Claro, toda e qualquer generalização, acaba criando barreiras para as pessoas generalizadas e excluindo-as da possibilidade de realizar algo, ou obrigando-as a realizar algo para elas não tenham habilidade ou inclinação.

 Toda vez que você se sentir tentado a começar uma frase com “eles (ou elas) são...” pare e repense o que vai dizer