Na sua esteira vieram suas agências (Unicef, Unesco, OIT, OMS) sempre com o mesmo intuito de resolver de forma internacionalizada, aquilo que os governos locais não davam soluções. Crianças abandonadas, culturas relegadas ao décimo terceiro plano de prioridades, trabalho do trabalho, desastres na saúde pública.
No Brasil, as ONGs assistencialistas surgem também nessa época e, durante a ditadura militar outros movimentos cresceram muito como conseqüência do desmantelamento das instituições políticas clássicas, como os partidos, os sindicatos, os diretórios acadêmicos de estudantes, as entidades de bairro, assim como a interrupção abrupta de experiências educacionais e culturais junto às comunidades tradicionais e populares. Esses vazios acabaram ocupados, inicialmente de forma semi-clandestina por grupos de base, pouco estruturados, quase sempre de caráter político-religioso, que surgem nas periferias das cidades e no campo como canais de demandas das classes populares.
Estes grupos vão se constituir, num primeiro momento, com as reivindicações dos trabalhadores no âmbito da produção (salários, participação na produtividade, previdência social, etc.) e no âmbito do consumo de serviços coletivos (saúde, transporte, saneamento básico, educação etc.). Depois, estes focos se diversificam, passando a abranger outras dimensões da vida social. urgem, assim, as novas questões sociais, definidas a partir do gênero, do étnico, da livre opção sexual, da natureza; da ecologia e da deficiência.
Qualquer pessoa que se oponha às boas intenções dessas organizações pode parecer um ser de outro planeta. Afinal, todas elas (ou quase todas) lutam pela justiça social, pelos direitos dos cidadãos e pelo bem de todos. Acabamos criando uma dependência “química e psicológica” desse tipo de estrutura à medida que deixamos de acreditar que quem deveria promover o bem estar de todos possa fazê-lo. Pior, esse ceticismo faz com que deixemos de exigir dos nossos governantes os nossos direitos que estão assegurados em leis que não são cumpridas, e nos resignamos a apoiar, e até participar, de organizações que quebram nossos galhos no curto prazo.
O objetivo de toda ONG ao ser criada deveria ser sua auto-extinção, ou seja, à medida que alcançam suas metas de correção de rumos da sociedade deveriam fechar as suas portas. A única que eu conheço que tem essa proposta como lema é a Associação Carpe Diem que já abre sua página na Internet afirmando que “Esse site não deveria existir”.
Além disso, muitas delas, também não têm interesse nenhum que a sociedade seja justa e igualitária, porque perderiam o seu sentido e, com isso, seus dirigentes e funcionários perderiam suas sinecuras e sua visibilidade política e social. Para evitar esse desastre trabalham fortemente pela manutenção das desigualdades e da tutela que exercem sobre os seus “assistidos”.
O mundo só vai ser realmente um lugar bom de se viver quando nós não precisarmos mais de nenhuma delas. A começar pela ONU.
Descrição da imagem : detalhe do quadro "O retirantes" de Portinaria, uma família fugindo da seca.
Fábio, concordo com você em gênero, número e grau!! Essa é a verdade absoluta deste século e esta é a verdadeira essência da inclusão social.
ResponderExcluirAbraços.
Isabel
Maria Isabel da Silva
Jornalista/SP
Olá Fábio
ResponderExcluirMuito reflexiva a postagem, mas, gostaria de lhe fazer uma simples pergunta, o que fazer se não existissem a grande maioria das ONG's?
Vamos esperar o poder público fazer alguma coisa?
Não sei, se estou errada ou certa, mas, com certeza, se as coisas realmente funcionassem, como gostaríamos, não necessitaríamos de entidades não governamentais para falar pelo povo.
Sandra Catarina
Pedagoga
Vamos fazer uma Ong para fiscalizar as outras Ongs... mas vai dar muito trabalho..., melhor o governo resolver logo todas as questões sociais e acabar de vez com todas...
ResponderExcluirMuito bom, o texto.
ResponderExcluirJá estou repassando para meus contatos.
Um forte abraço.
Rita
Fábio.
ResponderExcluirGostei na idéia da Vilma.
Mas, ao ler seu texto, lembrei-me dos "amigos da escola".Sei que na questões econômicas não tem nada a ver (não mesmo, e como), é o oposto das Ongs. "Amigo da escola" forma discreta(?) de não remuneração.
Beijos.
Arimar
Fábio,
ResponderExcluirnovamente, parabéns pelo trabalho que vem desenvolvendo e por este artigo! Foi uma descoberta recente espectacular :-)
E tb, agradeço os links para os blogues :-)
Abraço Conimbricense!
M.
para lidar com a questao social é que surge o profissional de serviço social. o qual pode sim estar como pau mandado do capital, fazendo só oq ele deseja, ou lutar por reais mudancas na sociedade.
ResponderExcluirassim como existem ongs serias que lutam pelo mesmo
sao poucas, mas existem =)