Se eu  falasse para uma famíla negra que seus filhos deveriam ser encaminhados para  escolas ou atividades sociais só com outras pessoas negras, eu seria  imediatamente taxado de racista e, muito provavelmente processado por tamanha  besteira.
  
 Não seria  diferente se disser para algum conhecido gay que ele deveria procurar a sua  turma, mesmo sem lei anti-homofobia eu seria exacrado  publicamente.
  
 No entanto,  pais, professores, amigos e inimigos das pessoas com deficiência sempre estão em  busca de guetos exclusivos.
  
 Bailes para  pessoas com síndrome de Down, aulas de judô para cegos, escolas para  autistas...e o pior é que a própria comunidade das pessoas com deficiência acha  que isso é ser normal.
  
 Além de  serem pseudo-defensores da diversidade essas pessoas acabam reforçando as  superestruturas discriminatórias dominantes.
Acham que estão conscientizando o  mundo sobre os direitos de todos com manifestações públicas quando estão apenas  ressaltando a percepção de que "esses estranhos" devem viver apenas entre eles  mesmos.
  
 Defendem a  perenização da senzala, do gueto, do manicômio em moldes mais moderninhos  (versão 2.0 ou será 4G?), travestidos de clubes, redes sociais e até sites de  namoro para pessoas com deficiência.
  
 A alegação  conceitual é que pessoas com mesmas características biológicas podem construir  sua identidade no contato com os seus iguais. Que identidade, cara pálida? (ou  de qualquer outra coloração).
  
 A minha  identidade é a de ser humano e é no contato com outros seres humanos que ela vai  se construir. Minha humanidade não se define pela cor da minha pele, pelo número  de cromossomos ou pela minha capacidade de ver ou ouvir.
  
 Homem, ser  social, realiza o desenvolvimento da sua identidade através da interação que  mantém com o meio em que vive. A cada experiência  vivida, a cada problema enfrentado, se está alimentando o processo de construção  da identidade.
  
 Se o  meio for segregado é esse tipo de identidade que um indivíduo terá. Uma  identidade pobre e limitada.
 
 Certa  estava a Cláudia Werneck quando lançou em 1992 o livro "Quem cabe no seu todos?"  mostrando que preconceito e discriminação só mudavam de nome e endereço, mas  estavam em todas as mentes e corações (inclusive daqueles que são  excluídos)
    
 Se, ao  invés de defendermos a inclusão de todos, defendermos a inclusão ou os  direitos de pessoas do tipo X, Y ou Z, deixamos de lutar contra a discriminação.  Viramos parceiros dela.
Descrição da imagem : propaganda de uma empresa italiana de roupas dividida em 3 quadros: um só com mulheres loiras, outro só com morenas e o outro só com mulheres negras.
 
vou compartilhar no facebook!
ResponderExcluirFabio
ResponderExcluirObrigada por escrever o que penso.
Beijos
Muito bom!
ResponderExcluirFábio,
ResponderExcluirDe acordo com o início do seu texto, se vc observar bem, há um grande equívoco da sua parte, quando tenta colocar em um só contexto as questões racial e homossexual, no mesmo patamar de discussão de um portador de cegueira, surdez, síndrome de Down ou de um cadeirante, por exemplo.
Os dois primeiros, no caso o negro e o homossexual não têm nenhuma deficiência de qualquer ordem, não sei o porquê de sua comparação a casos de patologia clínica!
Enquanto que o cego, surdo, cadeirante e portador de síndrome de Down, têm cientificamente comprovadas as suas deficiências!
E reconhecer essa condição e tratá-la adequadamente não significa nenhuma discriminação preconceituosa.
Do contrário, lamento, mas é a tentativa de um discurso tremendamente hipócrita!
Na realidade, temos que lutar sim, para que estes sejam contemplados por políticas públicas decentes, que os insira na sociedade, respeitando as suas limitações!
Isso não quer dizer que acabaram-se os problemas de limitação de seus portadores
Silvia
ResponderExcluirVocê comprova a minha tese de que muitas pessoas acreditam que a discriminação se justifique pela deficiência.
Aliás como muitos também acreditam que homossexualidade seja uma patologia...
Enquanto as pessoas forem discriminadas e segregadas por qualquer motivo, a hipocrisia vai reinar