Eu confesso,
num primeiro momento o que me fez ir ao lançamento do livro “Lucy – Uma vida
professora” foi o fato de ter sido escrito pelo Jayme Serva, amigo de longa
data e, na minha experiência marqueteira, um dos dois melhores redatores que
conheci (o outro é o Robson Henriques, que também deixou o métier).
Eu não fui
aluno da Lucy. Sequer fui aluno do Santa Cruz, apesar da escola ter passado
rapidamente pela cabeça da minha mãe quando eu estava no final do ginásio, ela
concluiu que não fazia sentido para uma família calvinista como a nossa eu estudar
numa escola confessional católica – ou iria para uma confessional protestante
ou para uma escola laica. Fui para o
laico Colégio Rio Branco.
Comecei a ler
o livro me deliciando com o texto sempre fluido e inteligente do Jayme e me
identificando geograficamente com as andanças da família Wendel em São Paulo.
De repente, um
nome salta aos olhos: o do professor de química da Lucy no Colégio Perdizes na
segunda metade da década de 30 – Max Gevertz. O mesmo que, 40 anos depois seria
meu professor de química no Rio Branco, de quem tenho as melhores lembranças
como pessoa e como professor.
Claro que,
desde o começo o sobrenome Wendel me soava familiar, mas minha memória não
identificava o porquê.
Fui
descobrir muitas páginas adiante, quando ele menciona que a irmã de Lucy, Nícia
Wendel de Magalhães tivera uma escolinha de inglês na Lapa. Fui confirmar com
minha mãe e realmente era o que eu pensava, a Play School da rua Gomes Freire,
minha primeira escola de inglês.
Mais que
isso, a Profa. Nícia também tinha sido professora de biologia da minha mãe no
Campos Salles!
De qualquer
forma, independentemente das afinidades geográficas e pessoais, o livro é uma
delícia, especialmente para quem ama a educação. Lucy não foi uma professora
qualquer, deixou marcas indeléveis na memória dos seus alunos, como professora
e como pessoa.
A Profa. Lucy
Sayão Wendel ainda é viva, com os seus 94 anos. Tive a oportunidade de vê-la na
noite de autógrafos do livro. Uma referência para quem é ou quer ser professor.
O Jayme
encerra o livro com um capítulo sobre sua visão da importância da educação para
o país. Concordo totalmente com ele: “se a educação não estiver introjetada no
composto cultural da sociedade, não há projeto que vingue.”
Como o
otimismo faz parte da essência do Jayme Serva, ele acredita que essa introjeção
possa ser algo factível, talvez a minha única discordância do texto.
Diferente
dele eu sou um cético e não tenho muita esperança que a sociedade melhore.
O que não me
impede de recomendar muito a leitura do livro. Não sei se está à venda nas
melhores livrarias, mas certamente pode ser pedido pelo site da Laranja
Original.
Descrição da imagem: foto da capa do livro com a imagem da Profa. Lucy em traje de formatura.
Que delícia de resenha! Com participação do resenhista na história, não tem preço!
ResponderExcluirAbração, querido.