Quando meu primeiro filho nasceu com síndrome de Down, o primeiro médico com quem tivemos contato era um especialista, um geneticista cujo nome eu tento esquecer até hoje e que, depois de 16 anos, continuo torcendo para que ele se aposente e pare de falar sandices para pais que acabaram de ter filhos com síndrome de Down.
Na UTI da maternidade (ele ficou lá quase um mês por
conta da sua cardiopatia congênita) conhecemos o Dr Miguel Borrelli, que foi pediatra
dos meus filhos com e sem SD. Um médico competente, atencioso, cheio de bom
senso. Ficamos com ele uns bons 10 anos e só deixamos de ir lá por conta do
fato de que ele era tão competente que era disputado pelos hospitais e seus
horários de consultório diminuíram muito. Em momentos de urgência fomos
atendidos pela sua esposa, também uma pediatra comum e não menos competente que
ele.
Quando mudados já conhecíamos pessoalmente o Dr José Moacir, que
rapidamente virou só ZéMoa. E de comum ele não tem nada (desculpa te desmentir
na frente de todos Zé). A começar do fato que diferentemente de muitos médicos
que conheci ele não se coloca num pedestal superior aos demais seres humanos. É
um excelente pediatra, é um homeopata sem radicalismos (quando a coisa ficava
feia ele não recusava medicar as crianças com alopatia). Mais que isso é um ser
humano ímpar. Bom de cozinha, bom de palco e conhecedor de ótimos vinhos. E
também casado com uma médica, no caso uma geneticista que não fala sandices.
Passamos por outros médicos comuns. Alguns continuam sendo
médicos da turma aqui de casa, inclusive meus. Oftalmologista comum, otorrino
comum, dermatologista comum, dentista comum e, no caso do meu filho mais velho, teve até uma
cardiologista comum. Ele também teve uma fono comum que gerou resultados
comuns, ou seja, ele fala muito bem.
Mas que nunca foram comuns no sentido de banais,
corriqueiros ou triviais.
Quando conheci o Dr Zan Mustacchi já não sentia nenhuma necessidade de
ir a um médico especial. O que não me impediu de me tornar amigo dele, de
trazê-lo para palestras quando promovíamos os papos com os pais, de dividir
mesas de debates com ele, até na distante Macapá, graças à Marinalva que nos
juntou por lá para comer filhote à beira do Amazonas. Apesar de pequeno no
tamanho, um grande sujeito. Mas que só conheceu o Samuel socialmente.
Conheci também outros médicos incomuns no meu caminho. Dentro do
grupo de discussão sobre Síndrome de Down alguns com o duplo papel de médicos e de pais. Gil Pena, Célia Kalil, Ana
Cláudia. Gente com quem eu adoro trocar idéias e, nãos poucas vezes uns golpes
de esgrima. Médicos e amigos amados.
Claro, também conheci gente que não recomendaria a nenhum de
vocês por aqui. Faz parte da vida. No caminho vamos encontrar médicos bons e
ruins. Professores bons e ruins. Advogados bons e ruins. E até blogueiros bons e ruins, como eu, de acordo com o seu ponto de vista.
Não é o fato de serem
ou não especialistas que os torna melhores profissionais. Por isso me esforço ao máximo para evitar generalizações. Elas sempre são ofensivas.
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