terça-feira, 18 de setembro de 2018

Uma profissão educadora



Eu confesso, num primeiro momento o que me fez ir ao lançamento do livro “Lucy – Uma vida professora” foi o fato de ter sido escrito pelo Jayme Serva, amigo de longa data e, na minha experiência marqueteira, um dos dois melhores redatores que conheci (o outro é o Robson Henriques, que também deixou o métier).

Eu não fui aluno da Lucy. Sequer fui aluno do Santa Cruz, apesar da escola ter passado rapidamente pela cabeça da minha mãe quando eu estava no final do ginásio, ela concluiu que não fazia sentido para uma família calvinista como a nossa eu estudar numa escola confessional católica – ou iria para uma confessional protestante ou para uma escola laica.  Fui para o laico Colégio Rio Branco.

Comecei a ler o livro me deliciando com o texto sempre fluido e inteligente do Jayme e me identificando geograficamente com as andanças da família Wendel em São Paulo.

De repente, um nome salta aos olhos: o do professor de química da Lucy no Colégio Perdizes na segunda metade da década de 30 – Max Gevertz. O mesmo que, 40 anos depois seria meu professor de química no Rio Branco, de quem tenho as melhores lembranças como pessoa e como professor.

Claro que, desde o começo o sobrenome Wendel me soava familiar, mas minha memória não identificava o porquê.

Fui descobrir muitas páginas adiante, quando ele menciona que a irmã de Lucy, Nícia Wendel de Magalhães tivera uma escolinha de inglês na Lapa. Fui confirmar com minha mãe e realmente era o que eu pensava, a Play School da rua Gomes Freire, minha primeira escola de inglês.

Mais que isso, a Profa. Nícia também tinha sido professora de biologia da minha mãe no Campos Salles!

De qualquer forma, independentemente das afinidades geográficas e pessoais, o livro é uma delícia, especialmente para quem ama a educação. Lucy não foi uma professora qualquer, deixou marcas indeléveis na memória dos seus alunos, como professora e como pessoa.

A Profa. Lucy Sayão Wendel ainda é viva, com os seus 94 anos. Tive a oportunidade de vê-la na noite de autógrafos do livro. Uma referência para quem é ou quer ser professor.

O Jayme encerra o livro com um capítulo sobre sua visão da importância da educação para o país. Concordo totalmente com ele: “se a educação não estiver introjetada no composto cultural da sociedade, não há projeto que vingue.”
Como o otimismo faz parte da essência do Jayme Serva, ele acredita que essa introjeção possa ser algo factível, talvez a minha única discordância do texto. 

Diferente dele eu sou um cético e não tenho muita esperança que a sociedade melhore.

O que não me impede de recomendar muito a leitura do livro. Não sei se está à venda nas melhores livrarias, mas certamente pode ser pedido pelo site da Laranja Original.

Descrição da imagem: foto da capa do livro com a imagem da Profa. Lucy em traje de formatura.