Há anos temos lutado por uma educação que seja genuinamente
inclusiva, ou seja, que atenda todas as pessoas, independentemente das suas
características, dentro dos mesmos espaços.
Muitos progressos, legais e comportamentais, foram alcançados, mas ainda no final do primeiro quarto desse século, muitos ainda entendem que colocar as pessoas ditas "especiais" em escolas comuns, é uma forma de ditadura...
Temos de admitir que a inclusão continua sendo uma
"ditadura" terrível. Primeiro porque insiste em oferecer às famílias
a escolha de educar seus filhos junto com todas as outras crianças, conforme
garante a lei. Que absurdo permitir que as pessoas decidam sobre seus próprios
caminhos! Além disso, a inclusão obriga escolas a repensar suas práticas, a
formar professores, a derrubar barreiras físicas e pedagógicas. Isso é
perigosíssimo para quem lucra com a separação.
Pior ainda: vai fazer com que todas as crianças convivam
naturalmente com a diversidade humana, aprendendo desde cedo que diferenças não
são defeitos. Imaginem o caos social quando uma geração inteira crescer sem
preconceitos, questionando por que alguns espaços ainda excluem pessoas com
deficiência!
A inclusão ameaça todo um mercado construído sobre a
segregação. Instituições "especiais" que faturam milhões,
profissionais que se especializaram em manter pessoas separadas, toda uma
indústria da exclusão disfarçada de cuidado.
Uma vez li o texto de uma pessoa que questionava a
acessibilidade física: "Seria difícil adaptar-se ao modelo proposto, pois
teria para isso de construir uma nova fábrica".
Inclusão não é pôr as pessoas dentro das
"fábricas" existentes (escola, trabalho), mas derrubar as paredes e
construir uma nova estrutura onde todos possam passar pelas portas, usar os
banheiros e também ter acesso ao conhecimento, à cultura, ao lazer e ao prazer,
em suma, ao desenvolvimento da dignidade humana.
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