terça-feira, 19 de agosto de 2025

A demolição ainda necessária

Há anos temos lutado por uma educação que seja genuinamente inclusiva, ou seja, que atenda todas as pessoas, independentemente das suas características, dentro dos mesmos espaços.






Muitos progressos, legais e comportamentais, foram alcançados, mas ainda no final do primeiro quarto desse século, muitos ainda entendem que colocar as pessoas ditas "especiais" em escolas comuns, é uma forma de ditadura...

Temos de admitir que a inclusão continua sendo uma "ditadura" terrível. Primeiro porque insiste em oferecer às famílias a escolha de educar seus filhos junto com todas as outras crianças, conforme garante a lei. Que absurdo permitir que as pessoas decidam sobre seus próprios caminhos! Além disso, a inclusão obriga escolas a repensar suas práticas, a formar professores, a derrubar barreiras físicas e pedagógicas. Isso é perigosíssimo para quem lucra com a separação.

Pior ainda: vai fazer com que todas as crianças convivam naturalmente com a diversidade humana, aprendendo desde cedo que diferenças não são defeitos. Imaginem o caos social quando uma geração inteira crescer sem preconceitos, questionando por que alguns espaços ainda excluem pessoas com deficiência!

A inclusão ameaça todo um mercado construído sobre a segregação. Instituições "especiais" que faturam milhões, profissionais que se especializaram em manter pessoas separadas, toda uma indústria da exclusão disfarçada de cuidado.

Uma vez li o texto de uma pessoa que questionava a acessibilidade física: "Seria difícil adaptar-se ao modelo proposto, pois teria para isso de construir uma nova fábrica".

Inclusão não é pôr as pessoas dentro das "fábricas" existentes (escola, trabalho), mas derrubar as paredes e construir uma nova estrutura onde todos possam passar pelas portas, usar os banheiros e também ter acesso ao conhecimento, à cultura, ao lazer e ao prazer, em suma, ao desenvolvimento da dignidade humana.


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