
De fato não é o que acontece. Décadas depois da revolução sexual o assunto ainda é tabu para muitas famílias e, claro, o aprendizado continua sendo pelas formas mais distorcidas possíveis, a começar da pornografia disponível em todas as mídias.
Para compensar a falta de informação em casa, as escolas têm tentado suprir essa lacuna, com o objetivo de reduzir os índices de gravidez precoce e alertar sobre as doenças sexualmente transmissíveis. Como a informação está disponível para as crianças cada vez mais cedo, esse conteúdo aparece nos livros escolares de forma precoce.
O que não deixa de ser louvável, especialmente em tempos que os abusos sexuais são tão presentes na nossa sociedade.
Outro dia, ao ajudar o meu filho de 10 anos no seu estudo de ciências, descobri que o tema surgira antes do que eu esperava. Não era exatamente um problema, até porque eu nunca lidei com o assunto a partir dos mitos e lendas da cegonha, nem enfeitei com as abelhinhas e as florzinhas
Em compensação eu fiz uma descoberta bastante original. A escola tenta ensinar educação sexual, sem falar de sexo. Acompanhem a lógica da matéria.
O primeiro ponto falava a respeito dos aparelhos reprodutores masculino e feminino. Explicava as partes do corpo de cada um e, também, a produção de espermatozóides, a ejaculação, o caminho que o óvulo faz do ovário até o útero.
Nas páginas seguintes explicava que o óvulo quando encontra o espermatozóide gera um feto. E a matéria seguia pelo desenvolvimento no bebê no útero.
Mas onde estava a explicação de como é que o espermatozóide chega no óvulo? É por obra do Espírito Santo?
Pior, depois disso, o livro começava a dar exemplos de métodos anticoncepcionais. Camisinha para os meninos e pílula para as meninas.
Para que diabos serve uma camisinha se ninguém explicou o que era uma relação sexual? Para que retardar a ida do óvulo para o útero se ninguém conta o que acontece por lá?
Eu fiz alguma dessas perguntas para o meu filho, supondo que, talvez, a professora tivesse dado a explicação. Ele não fazia a menor idéia.
Ou seja, a idéia de ensinar educação sexual é bem moderninha, desde que não se fale em relações sexuais.
Como é que se espera que as crianças entendam o processo todo? Ou será por conta da imaginação de cada um, ou será, de novo, pelos caminhos tortos.
Antes que isso aconteça eu mesmo expliquei como é que a coisa toda funciona. Ele entendeu, depois me explicou o que tinha entendido (corretamente).
Ato contínuo, ele perguntou se podia ir jogar bolinha de gude. O que, de fato, interessa mais um menino de 10 anos.
Descrição de imagem : foto ampliada de um espermatozóide fecundando um óvulo.
*O título desse texto saiu de um comentário do Rubens Pires Osório (filho) num texto semelhante que publiquei no Mens Insana