Ingredientes:
- 30 a 40 crianças genéricas (isto é, sem rótulos) da mesma faixa etária, ambos os sexos, com habilidades e competências heterogêneas
- 1 a 2 crianças com rótulos catalogados na CID, CIF ou qualquer outra tabela não periódica.
- 1 pacote de apostilas ou livros didáticos pasteurizados (não use produtos in natura que podem atacar os neurônios dos professores)
- 1 pacote de avaliações que sejam rigorosamente idênticas na forma e no conteúdo
- Giz a gosto
Modo de preparação
Pegue todos os ingredientes e coloque num liquidificador da marca "Saladeaula" e bata em alta velocidade por 200 dias letivos, até formar uma pasta completamente homogênea.
Caso, durante o processamento, a massa forme grumos de personalidade, brilhantismo ou atraso, encaminhe o ingrediente resistente para ser dissolvido por um especialista.
Se, mesmo assim, o ingrediente não se adaptar à massa, descarte-o, culpando os fornecedores (da marca PaieMãe) por sua má qualidade ou recomende que seja levado para um liquidificador especial (os melhores são os importados da marca Segregator).
Ao final do processo coe toda a pasta em peneiras de provas locais, regionais, nacionais, internacionais e aeroespaciais. Se você perceber que algum ingrediente corre o risco de não passar na prova e prejudicar o bônus do cozinheiro, sugira que ele fique doente no dia da prova.
Sirva acompanhado de reportagens laudatórias em revistas educação e inclusão.
Reflexões de um "xiita" da inclusão que acredita no seguinte "Credo Inclusivo" Os textos desse blog podem ser livremente usados e reproduzidos, citada a fonte.
quarta-feira, 23 de março de 2011
Receita de inclusão
segunda-feira, 7 de março de 2011
Os ETs contra atacam
Blá blá blá blá....e começa de novo a discussão, por que querem fechar a minha escola especial que cuida com tanto carinho daqueles "coitadinhos" que sofrem na escola comum, por que estão tirando dos pais o direito de escolher que tipo de escola colocar os filhos...
Considerando que a escola especial está prevista na lei, a mesma lei diz que a educação especial é COMPLEMENTAR e não substitutiva. Escola especial que pretenda substituir a escola comum deve ser fechada sim, não é essa a sua função. Não é essa sua competência legal.
Não duvido que realmente cuidem com carinho (apesar de conhecer inúmeros casos escabrosos de carinho pelas verbas públicas e nenhum pelas pessoas depositadas lá dentro), mas também não educam de fato.
Não custa nada lembrar algumas questões nada desprezíveis.
A primeira e mais importante é que a educação formal (regular, comum...ou o nome que se queira dar à educação que TODOS recebem) é um direito inalienável da criança e não dos pais. Não é uma opção dos pais dar ou não dar essa educação aos filhos. Seria a mesma coisa que dizer que os pais tem a opção de manter vivos ou não seus filhos (a vida é outro direito inalienável da pessoa e não dos seus responsáveis).
Segundo, é dever do estado seja como fornecedor de serviços educacionais, seja como fiscalizador dos serviços de educação privados, garantir que todos tenham esse direito com qualidade. Se os professores ou escolas se dizem não preparados cabe a nós cobrar que o sejam (se bem que, na maioria das vezes isso é só uma desculpa para rejeitar alunos, professor que não está preparado para educar qualquer criança não serve nem para educar a minha filha que não tem deficiência).
A educação especial não pode ser confundida com escola especial. Escola especial é sinônimo de segregação, a começar do fato que a maioria se classifica por algum tipo de deficiência.
Considerando que a escola especial está prevista na lei, a mesma lei diz que a educação especial é COMPLEMENTAR e não substitutiva. Escola especial que pretenda substituir a escola comum deve ser fechada sim, não é essa a sua função. Não é essa sua competência legal.
O fato da educação (como um todo) ser de baixa qualidade não desqualifica a inclusão, desqualifica a educação. O que não significa que vamos tirar nossos outros filhos da escola, não é mesmo? A escola, da forma que está não trabalha a potencialidade de ninguém, só se preocupa em treinar copistas para o vestibular.
Não conheço todas as escolas especiais do país mas conheço uma quantidade imensa delas, boas e ruins. Curiosamente, só as melhores é que se preparam para ter funções complementares, as piores continuam querendo segurar seu mercado a qualquer custo.
Se as escolas especiais querem ter uma função educacional importante essa será de dar Atendimento Educacional Especializado e de dar apoio às escolas comuns.
Qualquer outra coisa será apenas perpetuar a segregação.
Descrição da imagem: cartaz numa estação de trem onde se vê a figura de um ser inexistente cortado por uma faixa vermelha e se lê: "Área restrita somente para humanos. Todos os não-humanos estão banidos desta estação".
Descrição da imagem: cartaz numa estação de trem onde se vê a figura de um ser inexistente cortado por uma faixa vermelha e se lê: "Área restrita somente para humanos. Todos os não-humanos estão banidos desta estação".
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